Rio - Edital de licitação que será lançado até o fim do mês pela Prefeitura vai proibir a circulação de vans nas linhas municipais de transporte alternativo de passageiros. Eles deverão ser substituídos por micro-ônibus. Na contramão do que vem fazendo o governo estadual na regulamentação do sistema intermunicipal, a Prefeitura do Rio decidiu excluir os condutores autônomos da disputa. Com isso, a concorrência deverá se concentrar entre cooperativas e
empresas de ônibus.
Cerca de dois mil topiqueiros atuam em linhas municipais na Zona Oeste, região prioritária na licitação
De acordo com o secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, a regulamentação do setor no Rio vai começar pela Zona Oeste. A região foi dividida em 15 lotes. Cada um será operado por uma única cooperativa. As linhas mais longas e que disputam passageiros com os ônibus serão extintas.
O preço das passagens nessas regiões também poderá ser diferente, variando de acordo com a extensão dos trajetos. Equipados com aparelhos de GPS, roletas e validadores de RioCard, os veículos serão identificados por cores.
A previsão é de que o resultado da licitação da Zona Oeste seja anunciado até o fim de setembro e que o processo de regulamentação do setor seja concluído até o fim de 2010.
Ontem, Sansão explicou a escolha do modelo de licitação. “Este é o que melhor se adequa à realidade carioca. As linhas não são operadas só por um carro, mas por um conjunto de veículos. Então tem que ter uma organização maior. E a maior parte dos operadores hoje é vinculada a uma pessoa jurídica ou cooperativa”, argumentou.
Questionado sobre a possibilidade de a
decisão favorecer grupos criminosos que, como O DIA mostrou em série de reportagens publicada mês passado, controlam as cooperativas de transporte alternativo no Rio, Sansão se esquivou. “Isso é um problema da polícia. O que a gente está fazendo é uma licitação para regulamentar uma informalidade. Não tenho condições de distinguir quem é bandido ou não. Eu estou preocupado é com o transporte”, afirmou.
A decisão foi apoiada pelo prefeito Eduardo Paes, que se disse preparado para enfrentar as consequências da medida. “Já deixamos bem claro que a bagunça e a desordem acabou nessa cidade. Não tenho medo de impopularidade e conflito. Estou preparado para ficar impopular, não tem problema nenhum. Faz parte da vida este negócio. Eu não posso é deixar para ficar impopular depois se eu quiser ser reeleito, então tenho que começar logo”, afirmou Paes.
Mesmo que se permitisse a participação de autônomos, a diferença de preço entre os veículos é proibitiva. Enquanto uma van com ar custa R$ 120 mil, um micro-ônibus também com ar sai por R$ 210 mil.
Internet sem fio em novos ônibus
Os passageiros das linhas 2015 (Castelo/Leblon), 2145 (Galeão/Santos Dumont) e 2145-1 (Galeão/Terminal Alvorada) ganharam novos ônibus ontem. Modernos e sofisticados, os veículos têm até sistema de Internet sem fio (wi-fi).
Equipados com aparelhos de GPS, TV, ar-condicionado, e câmaras de segurança nas partes interna e externa, os coletivos também estão adaptados para atender deficientes física. Para maior comodidade dos cegos, foi instalado dispositivo sonoro que informa os pontos de parada e as atrações turísticas no trajeto.
Topiqueiros ameaçam ir à Justiça
As regras antecipadas ontem pelo prefeito Eduardo Paes e pelo secretário de Transportes do Rio, Alexandre Sansão, atropelaram as esperanças de muitos topiqueiros. Certos de que teriam preferência na disputa pelas permissões, eles prometeram recorrer à Justiça para impedir a participação de cooperativas e empresas de ônibus na licitação.
“Não vamos permitir que cometam este crime. Somos radicalmente contra esse modelo que será voltado para as empresas e não para os trabalhadores. Estar agregado a uma cooperativa deve ser uma opção dos trabalhadores, e não uma condição”, disparou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Alternativo do Rio (Sintral), Sérgio Loureiro.
Já o vice-presidente do Sindicato da Empresas de Ônibus do Rio (Rio Ônibus), Otacílio Monteiro, comemorou a notícia. “Se o edital for aberto para pessoas jurídicas, não há motivos para não participarmos da disputa. É evidente que muitos
empresários vão se habilitar, até porque já operam nessas áreas com micro-ônibus. Sendo assim, não haverá nenhuma dificuldade para operar essas novas linhas”, ressaltou Otacílio.
Sansão também anunciou ontem que o bilhete único, prometido para este ano, só sairá do papel em 2010.
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