quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Bilhete Único Rio de Janeiro

Enviado por Marcelo Dias -
30.9.2009
| 9h30m
MOBILIDADE URBANA

Rio descarta bilhete único de Curitiba, a R$ 2,20

CURITIBA - Quer experimentar os benefícios do bilhete único pagando apenas R$ 2,20 e com direito a fazer quantas integrações quiser durante o dia todo? Basta ir ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim ou ao Santos Dumont e desfrutar desse benefício em Curitiba, a quase uma hora e meia de voo do Rio. Isso porque a ideia é descartada no Rio de Janeiro.

Na capital paranaense, o bilhete único é único de verdade e existe desde 1982, atendendo a meio milhão de pessoas nos 14 municípios da Região Metropolitana. Na opinião do secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, a implantação do bilhete seria inviável no Rio.

- O Rio não tem como fazer isso por uma série de problemas - diz o secretário, referindo-se à resistência dos empresários em abrir mão do lucro e do estado em bancar o bilhete único com recursos públicos.

Lopes, aliás, cancelou sua vinda ao 17º Congresso Brasileiro de Transportes e Trânsito, em Curitiba. Seu colega da capital, Alexandre Sansão, enviou o subsecretário, Rômulo Dante Orrico Filho.



"Curitiba é bem menor"

Julio Lopes também compara as duas cidades para mostrar que o benefício, ao molde curitibano, não se aplica ao Rio:

- Curitiba é bem menor do que o Rio, com um volume de passageiros infitamente menor também. E eles têm lemas de congestionamento e estão vendo como resolver isso.

Professor da UFRJ, o engenheiro de transportes Fernando Mac Dowell discorda do secretário.

- Não se faz o modelo de Curitiba aqui porque o Rio nunca fez um estudo tarifário e até hoje não organizou as linhas de ônibus. Temos o trem e o metrô. O passageiro só teria que pagar pelo primeiro embarque e mais nada. Curitiba lançou um plano diretor nos anos 70 e o cumpre até hoje. O Rio nunca teve o seu e agora pega o nome fantasia "bilhete único" e vende para o usuário como se fosse único mesmo. O estrangeiro que vier para cá e souber disso vai achar que pode ir da Zona Sul até a Barra sem pagar mais nada, o que é uma mentira - diz.

Trens e metrô poderiam ser usados

No Rio, o governo se prepara para testar o que chama de bilhete único, pegando carona no nome fantasia que se consagrou em São Paulo. No entanto, o que se pretende é uma integração tarifária com desconto de até 40% no segundo embarque. Já o verdadeiro bilhete único curitibano se apoia em boa parte nos ônibus articulados com capacidade para até 220 passageiros. A frota da cidade conta com 1.910 coletivos em 350 linhas integradas.

Ok. O Rio não tem esses veículos, mas conta com algo melhor: uma rede de trens e metrô que, somadas, cortam 255 quilômetros da Região Metropolitana e com composições com espaço para 1.300 pessoas - quase sete vezes a dos ônibus de Curitiba.

Empresários topam negócio

A SuperVia topa o negócio, desde que o governo estadual banque a benesse com subsídios, como faz a Prefeitura de São Paulo, que sustenta o benefício com R$ 1 bilhão. Em Curitiba, o poder público não contribui com praticamente nada, exceto com a devolução do ISS aos empresários de ônibus.

- Fazemos isso porque é o contribuinte que paga o imposto, que, no final das contas, incide sobre só 2% do preço da passagem. E porque tivemos vontade política - ensina Marcos Isfer, presidente da URBS (Urbanização de Curitiba), espécie de supersecretário de transportes e urbanismo curitibano, para quem os trens e o metrô permitiriam a adoção do modelo curitibano no Rio:

- É possível sim, basta querer.

- Claro que é - responde o presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, desmentindo o secretário Julio Lopes. - O problema é que o Rio não tem a infraestrutura necessária, como BRTs (corredores expressos de ônibus) nem integrações entre ônibus. Se houvesse isso, poderíamos implementar o bilhete único sem subsídio algum.

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