quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ramal Gambiarra - Metrô Rio

Costa admite erro de planejamento no Metrô Rio

23/12/2009 - O Dia

O primeiro dia da conexão direta do metrô, que uniu as linhas 1 e 2 como promessa de levar passageiros da Pavuna a Botafogo sem baldeações e em menos tempo, foi marcado pelo caos. Falta de informação, calor, atrasos e superlotação foram alguns dos problemas enfrentados. Muitos passageiros só souberam que a ligação Pavuna-Botafogo funcionaria em horários restritos quando já estavam na plataforma. A Agetransp, agência que regula os serviços de transporte público no estado, determinou que dentro de 48 horas o metrô explique o que aconteceu ontem.

“É evidente que erramos. Houve um congestionamento de trens que gerou atrasos e resultou em caos”, reconheceu José Gustavo de Souza Costa, presidente da Metrô Rio.

Por causa da confusão, a conexão, que só funcionaria das 5h às 8h entre a Pavuna e a Glória, teve o horário estendido até as 16h. A medida não impediu longos intervalos entre os trens, que em algumas estações ultrapassava 10 minutos. Avisos sonoros, painéis luminosos e televisores que informavam os destinos apresentaram falhas, confundindo os passageiros. A sinalização de tráfego foi feita de forma manual.

No fim da tarde, mesmo com os trens seguindo da Pavuna até Botafogo, os problemas continuaram. A direção do Metrô Rio pediu desculpas à população e fez adaptações para a operação do sistema, que hoje vai circular com novos horários.

A passadeira Vera Lúcia Lopes, 57 anos, moradora de São João de Meriti, desembarcou em Copacabana, onde trabalha, depois de muito sufoco e com quase uma hora de atraso em relação ao tempo que costuma levar. No caminho, tentava entender o novo percurso. Diariamente ela vai de metrô da Pavuna à Estação Cardeal Arcoverde, fazendo baldeação no Estácio, mas ontem não sabia onde deveria embarcar rumo à Zona Sul: “É muita desinformação. Primeiro o aviso no vagão foi de que o metrô não pararia no Estácio, depois parou. No Estácio, não tinha ninguém para dizer se era para descer ou não”.

Vera seguiu no trem até a Glória, onde penou para embarcar. A plataforma estava lotada, e as televisões que informariam o destino dos trens não funcionavam. “Não sei para onde ir”, disse. Após 10 minutos de espera, ela conseguiu entrar no trem para Copa, onde chegou depois de 1 hora e 40 minutos. “Fazia a viagem em menos de uma hora e achava impossível ficar pior, mas ficou. É um descaso com quem levanta cedo para trabalhar. Costumo sair às 5h50 de casa, mas agora vou madrugar para sair uma hora antes”, lamentou.

Elias de Jesus dos Santos, que trabalha na construção civil, embarcou na Estação Acari para ir ao Leblon, via ônibus de integração, mas sem informação sobre as mudanças no metrô: “Não vai parar no Estácio? Ninguém informou nada”. O assistente administrativo Wesley de Sá, 27 anos, levou mais de uma hora para ir da Pavuna à Carioca. “Como pode isso? A viagem é sem baldeação, mas demora mais. Antes levava 40 minutos”.

Passageiros passaram mal nas plataformas

A superlotação e o calor fizeram com que muitos passageiros se sentissem mal. O empresário Jorge Luis da Penha, 39 anos, que faz o trajeto Inhaúma-Copacabana diariamente, ficou parado na Central, onde as plataformas estavam lotadas . “Precisei cancelar compromissos por causa do atraso na viagem e do meu estado.

Estou completamente suado. Mulheres e crianças estão desmaiando na estação”, desabafou. A vendedora Cintia Fraga, que seguia da Pavuna para o Largo do Machado ficou decepcionada: “Não vou fazer baldeação no Estácio, mas farei em outra estação”.

Na Estação General Osório, o intervalo entre os trens foi de 7 minutos. Muitos passageiros embarcavam no sentido Ipanema para garantir um lugar na volta e não desembarcavam na estação final. Também não havia funcionários para orientar os passageiros em Ipanema.

5 MINUTOS COM: JOSÉ GUSTAVO COSTA, PRESIDENTE DA METRÔ RIO:ACONTECEU O QUE NÃO PREVÍAMOS’

O presidente da Metrô Rio, José Gustavo de Souza Costa, admitiu ontem que houve erro de planejamento para o primeiro dia de operação da Linha 1A. O caos, segundo ele, começou por causa de atrasos nas das primeiras composições que saíram da Saens Peña e da Pavuna, provocado por um congestionamento de trens que deixavam o centro de manutenção.

1. Quem foi responsável pelo caos no primeiro dia de operação da Linha 1A?
Nós. É evidente que erramos. Nos preparamos para diversos possíveis problemas, mas não para um detalhe. Na verdade, aconteceu justamente o que não prevíamos. É um detalhe tão pequeno que não pensamos que poderia acontecer.

2. Qual é a explicação da empresa?
O grande problema é que perdemos a regularidade, ou seja, a exatidão dos intervalos. Os trens estavam estacionados no centro de manutenção, na Presidente Vargas, e teriam que sair na mesma hora que os trens que partiram, o que causou congestionamento. Isso gerou o atraso de algumas composições e, consequentemente, um efeito dominó em todas as outras.

3. Qual foi a consequência desse erro?
Por causa dos atrasos, as estações ficaram lotadas. A Estação Pavuna, por exemplo, aonde eu cheguei por volta das 7h, o acesso precisou ser fechado por alguns minutos. As viagens demoraram ainda mais.

4. Faltou informação aos passageiros?
Esse é um dos acertos que faremos nos próximos dias. Colocamos 400 agentes para ajudar os clientes entre as estações Central e Botafogo, mas realmente não foi suficiente. As televisões estarão em funcionamento amanhã. Mas vai levar tempo para os passageiros assimilarem o novo sistema.

5. O que os usuários podem fazer para sofrer menos com o caos?
Minha sugestão é que eles prestem atenção na indicação sobre o destino do trem. A baldeação pode ser feita em qualquer estação entre Botafogo e Central. Cinelândia e Presidente Vargas são duas boas opções.

De acordo com a assessoria do Metrô Rio, a operação está normalizada desde ontem, 23, co intervalos de cinco a sete minutos na Linha 1 e 2, e de 3’30” na Central. Para evitar que os problemas de terça-feira se repetissem, os trens saíram da garagem e foram posicionados mais cedo, os trens da Linha 2 estão circulando com seis carros, disponibilizando mais 300 lugares. Além disso, o sistema de informação foi reforçado com a distribuição de panfletos e o aumento de agentes em todas as estações.

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