Quantidade de profissionais capacitados não acompanha crescimento do tráfego aéreo no país
Priscila Mendes
Publicação: 13/09/2009 11:20
Mais do que nunca, o mercado da aviação está nas alturas. E não é para menos. O tráfego aéreo de passageiros cresceu 6,5% no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2008, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Hoje, são mais de 12 mil aeronaves - incluindo aviões e helicópteros civis de todas as categorias - responsáveis por transportar mais de 50 milhões de pessoas por ano. Mas na contramão do crescimento, faltam profissionais qualificados dispostos a seguir carreira seja no chão ou nos ares, apontam especialistas do setor.
"Há carência principalmente de pilotos com experiência. Muitos, após a paralisação das atividades da Vasp, Transbrasil, Varig, Rio Sul, Nordeste e BRA, optaram por trabalhar no exterior, onde os salários e benefícios são mais atrativos", explica Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Juliano Noman, superintendente de Serviços Aéreos da Anac, discorda. Para ele, o problema não é a falta de mão de obra, mas a dificuldade de formar gente em um curto prazo. "Temos profissionais suficientes. Mas precisamos treinar pessoas para suportar o crescimento que esperamos da aviação civil brasileira nos próximos anos", pondera.
Segundo o superintendente, é possível formar técnicos entre 12 meses e 18 meses. Porém, fazer com que a carreira decole no setor da aviação nem sempre é tarefa fácil de ser executada. Os cursos são caros para todos os cargos. Um piloto, por exemplo, precisa fazer pelo menos seis meses de curso. Sem contar as horas de voo obrigatórias, em média 200. Um pacote que pode custar cerca de R$ 50 mil. "O investimento no aprendizado é alto. E os salários não atraem mais", destaca Graziella Baggio.
Em início de carreira, a remuneração para comissários varia entre R$ 1.200 e R$ 1.500, enquanto para os pilotos, a média é de R$ 4 mil a R$ 6 mil. Além disso, muitas companhias aéreas - embora sejam obrigadas pela Anac a realizar programas de treinamento e reciclagem de funcionários - não estão dispostas a investir em formação.
Luiz Augusto Jaborandy, 23 anos, sabe que o retorno do alto investimento para começar a carreira muitas vezes só começa a aparecer a partir do terceiro ano de profissão, segundo estimativas de especialistas. Mesmo assim, ele não pensou duas vezes antes de acompanhar o pai militar em uma missão nos Estados Unidos e, na carona, realizar o sonho de criança. Em 2007, seguiu para Flórida, onde adquiriu as habilitações americanas de piloto privado, privado de helicóptero, voo por instrumento, comercial (de linhas áreas e táxi aéreo) e bimotor.
"Com certeza é um diferencial para a carreira. O inglês é muito valorizado, principalmente a linguagem técnica. Sem contar a experiência adquirida em aviões cuja tecnologia é muitas vezes superior à nossa. Não tenho dúvidas de que vou conseguir algo aqui", diz otimista. De volta a Brasília há seis meses, o estudante do curso superior de aviação civil comemora a aprovação da experiência pela Anac. Isso porque, para validar a formação americana no Brasil, ele passou por provas teóricas e práticas elaboradas pelo órgão.
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